Tradição - Monumento

O Carnaval de 1999 fazia-se anunciar através do “lançamento da primeira pedra”, ou noutras versões, o “lançamento da primeira pedrada do Carnaval de Torres”. Estava lançado o mote para aquilo que predominantemente viria a chamar-se de “Monumento”, isto é, uma construção cuja temática satiriza um aspeto da atualidade.

Inicialmente tratava-se de uma pequena construção que versava sobre o próprio Carnaval, no primeiro ano, passando no ano imediato a remeter para os problemas das agressões ambientais.
Em 2004 a temática do monumento foi “a excursão saloia ao Euro”, utilizando um longo veículo de transporte de passageiros em que os diversos países participantes no Campeonato Europeu de Futebol eram representados por diversas idiossincrasias nacionais. Célebre ficou a Espanha representada pela tourada, mas em que na arena se invertiam os papéis de touro e toureiro. Claro que existiam outros apontamentos de tonalidade mais brejeira.

Em 2005 o tema foi “o futebol nacional”, retratando os símbolos dos três maiores clubes portugueses e os seus escândalos, com particular relevo para o “caso apito dourado”. Nas caves das três torres góticas decorreu uma exposição de cartoons do jornal A Bola, que aliás deu destaque nas suas páginas centrais ao “monumento” que, também, teve presença marcante na Feira de S. Pedro.

Sempre concebido pelos criativos da empresa Gulliver, o “monumento” cresceu em volumetria, atingindo em 2006, 16 metros de altura, assentando numa base de 10m x 8m e consumindo, entre outros materiais, 10 camiões TIR de esferovite, equivalente a 500 m3.
A temática do monumento do Carnaval de Torres 2006 incidiu sobre as relações internacionais, significativamente intitulada “o fim da macacada” numa alegoria satírica à preponderância mundial das opções de política externa americana do presidente Bush. Por esta razão, o monumento esteve para receber o nome de “Busholândia”, remetendo para o carácter retrógrado desta conceção. Coroado por uma estátua da liberdade, já cadavérica, em torno dela e sob a tutela de Bush aparecem sósias de Blair, Durão, Chirac, Zapatero, Guterres e Bin Laden. Noutro registo, emerge “o abominável homem dos títulos”, Mourinho, que alguns portugueses inscreveram no boletim de voto, vá-se lá saber por que razão, como opção presidencial.
A base do monumento, em forma de gruta, contém diversos elementos escultóricos que remetem, visto do futuro, para um processo regressivo da Humanidade. Nesta gruta teve, também, lugar uma exposição comemorativa dos dez anos da revista O Barrete, criação de diversas associações locais que todos os anos se riem dos desconcertos do mundo, de nós e deles próprios.

2007 foi o ano dedicado às preocupações estéticas. Assim, foi recriado um gabinete de estética, de beleza e um ginásio, demonstrativos das preocupações com a imagem cada vez mais marcante na nossa sociedade!

Em 2008 temos “Os Super Heróis”, um monumento alusivo à Banda Desenhada, uma obra que desafia a engenharia, a criação e o arrojo.
Com este monumento unimos, num discurso saudável, as diversas expressões artísticas com as técnicas clássicas de criação, relançando uma busca por novos desafios entusiasmantes.
Possuindo uma forma dinâmica pretende ser, de igual modo, uma homenagem aos vários autores nacionais e internacionais de Banda Desenhada.
Na construção desta obra, que contempla 35 personagens muito conhecidas do público, como o Batman, o Super-Homem, o Homem-Aranha, o Popey, Milú ou Bip-Bip, estiveram envolvidas 80 pessoas.

O Monumento ao Carnaval 2009 abordava o tema “Profissões” através da nuvem dos altos sonhos de um rapaz de tenra idade. Ele transporta-nos ao seu mundo, um quarto desarrumado, povoado por diversos brinquedos figurativos das reais profissões.
Brinquedos que nos fazem viajar nos mais incríveis veículos por terra, mar e ar, do heróico carro dos bombeiros, passando pelo veloz carro de Formula 1, até ao aventureiro vaivém espacial. O rapaz eleva-se nos seus sonhos de glória imaginando-se médico, bombeiro, policia, génio da bola, astronauta e estrela de rock, pintando um quadro à imagem de um episódio dos Morangos com Açúcar. Todavia, com os sonhos celestiais do rapaz vêm também os seus infernais pesadelos. Podemos encontrá-los se tivermos a coragem de nos aventurar debaixo da cama. Aí residem os monstros, as personificações dos medos do rapaz, numa dantesca galeria de horrores dedicada às profissões de susto, que são basicamente aqueles que tememos vir a ter, por várias boas razões…
Entre os dois lados deste universo das profissões, a força das engrenagens do tempo e do espaço trazem o rapaz crescido de volta à realidade e forçam-no a integrar o mecanismo da sociedade.

Em 2013 o monumento centra-se nos três R's: reduzir, reciclar e reutilizar. Os foliões sentem-se incomodados pela quantidade de lixo, desperdício, resíduos e (de um modo geral) porcaria acumulada nestas últimas décadas. A solução final são três palavrinhas começadas por R: Reduzir; Reciclar; Reutilizar. Três torres são erigidas exibindo as principais cores da Reciclagem: verde, azul e amarelo, trazendo de volta figuras monumentais, que ocuparam as mentalidades Carnavalescas nos últimos anos. Torre azul: Os desportistas e o Barão assinalados ocupam a torre dedicada aos valores do Desporto Nacional e aos símbolos que movem multidões. Torre verde: Os Homens-Animais e os Animais-Humanos são brutais personagens de fábulas recicladas sobre a natureza do bem, exemplos na coragem e na justiça, no amor e no bom senso e, na responsabilidade da preservação ambiental, representadas por icónicas personagens bem conhecidas e acarinhadas do público. Batman, Homem Aranha e Mickey Mouse ocupam a torre verde como exemplos de sustentabilidade. Torre amarela: Num amarelo patológico, a Torre em queda dedicada aos reciclados jogos do poder que se vão reinventando entre crises, explosões, massacres e intrigas políticas, que reduzem o poder económico dos mais desfavorecidos, esmagando-os na queda instrumentada das maiores e mais pesadas moedas do mundo.

Em 2014, o Monumento evocou "O Mundo da Televisão". Com a sátira, o humor e o espírito crítico habitual, mostrou o poder dos Reality Shows sobre concorrentes e espetadores. Anónimos à procura dos seus 5 minutos de fama, apresentadores numa luta frenética por audiências e público sedento por invadir a vida de todos. Um jogo de interesses, onde vale quase tudo para "aparecer". A brincar, sem preconceitos e de forma mordaz, fala-se de temas sérios.

A partir do tema "Amor", em 2015, os criativos autores do Monumento do Carnaval criaram 7 Cupidos. Mas estes, em vez de dispararem setas de paixão e de amor, disparam os pecados mortais do Homem: Arrogância, Inveja, Ira, Preguiça, Avareza, Gula e Luxúria. Está instalado o caos, com cenas que traduzem cada um dos pecados. Políticos transvestidos, o descalabro da Educação e do Emprego, um padre pedófilo, um angolano que compra tudo e todos, um novo-rico português que tem dinheiro, mas a quem falta o resto... E até o Luís Vaz de Camões se transformou em Sushiman e fez de tudo para comer a pequena Sereia.


Em 2016, ao estilo Hollywood e Globos de Ouro, o Monumento elegeu as "Figuras, Figurinhas e Figurões" que marcaram o ano, em áreas como o Futebol, a Política, o Cinema, a Televisão e muitos outros. Em torno de um Zé Povinho Gigante, circulam vários personagens da vida local, nacional e até internacional. Pedro Passos Coelho e Paulo Portas desfilam de braço dado; José Sócrates, disfarçado de "agente secreto", infiltra-se na festa; Bruno de Carvalho e José Mourinho tentam roubar um troféu... Manuel Luís Goucha foi o apresentador de serviço de uma Gala à qual não faltou a "tia" Lili Caneças. Todos ao molho, numa batalha sem tréguas, pelo melhor troféu. Uma luta que se traduz em cenas hilariantes, num cenário imponente com 12 metros de largura e 12 de altura. Um local de romaria para torrienses e forasteiros, que faz as delícias de todos.


Em homenagem ao puro "tuga", na edição de 2017, todos os caminhos conduziram à "Tugalândia". Bem ao estilo de um sótão onde se guardam todas as tralhas, o Monumento deste ano remeteu para o mundo mágico dos brinquedos. E é desse cenário do nosso imaginário que saltam as mais variadas personagens, vindas do sonho e da vida real. Da sua casa de bonecas, Angela Merkle brinca e manipula (literalmente) as suas várias marionetas, entre elas, Pedro Passos Coelho e António Costa. Depois, temos um grupo de pinóquios. Os de Direita (Passos, Santana, Durão e Cavaco) e os de Esquerda (Soares, Guterres, Sócrates e Costa). Uns e outros mostram à Nação todos os seus feitos (vulgo trapalhadas) que deixaram todos defraudados e totalmente depenados. A um canto do sótão, jaz Ricardo Salgado, símbolo máximo do poder e da corrupção dos bancos e banqueiros. Como espelho da crise financeira, podemos ver uma Barbie que, depois de muitos anos na ribalta, vê-se forçada (ou talvez não) a dedicar-se à prostituição, para manter o estilo de vida. Noutro canto, temos ainda os Piçamons, uma versão fálica e muito atrevida dos Pokémons.
São brinquedos, personagens, marionetas, espetáculo, pinóquios e pinocadas, previstos e imprevistos...

"Mares e Oceanos" é o tema do Carnaval em 2018. Esse foi também o mote para a criação do monumento deste ano - "A Ira do Neptuno".
O Rei dos Mares usa um tsunami para pôr na ordem um planeta dramaticamente desgovernado. De um cenário aquático, emergem várias personagens da vida real, com a habitual sátira social e política. Um escorregadio Donald Trump; a sereia Angela Merkle, que quer seduzir e dominar o povo português; a caravela "Geringonça", controlada por Mário Centeno, António Costa, Jerónimo de Sousa e Catarina Martins; o presidente Marcelo, que usa o surf como instrumento de salvação nacional.
No fundo do oceano, assistimos à fuga de Sócrates e Salgado, depois do rombo que provocaram no "barco da nação". Do mundo do futebol, surgem os polvos Luís Filipe Vieira, Pinto da Costa e Bruno de Carvalho que, com os seus tentáculos, tudo querem controlar. Por lá, também andam Cristiano Ronaldo e Lionel Messi, às voltas com o Fisco espanhol, enquanto brincam com as Bolas de Ouro. A assistir a tudo, incrédulos, estão os nossos navegadores Pedro Álvares Cabral e Vasco da Gama, acompanhados pelo explorador Jacques Cousteau.
O Monumento de 2018 foi um dos maiores de sempre, com 12 metros de altura e 14 metros de largura. Durante 3 meses, 16 pessoas trabalharam na sua criação e construção. Usaram 2 toneladas de fibra de vidro, 10 toneladas de ferro e 8 camiões de esferovite.

Como manda a tradicão, é na Praça da República, em pleno centro da cidade, que encontramos o "Grande Galo, Zé!", o Monumento do Carnaval de Torres Vedras 2019. Não há postal do nosso país que não tenha o Cristo Rei, o Aqueduto das Águas Livres, um elétrico amarelo, o Galo de Barcelos ou uma praça de touros. Um dos principais símbolos cá do burgo é o Galo de Barcelos! Figura replicada e comercializada em todo o território nacional, chega ao Carnaval completamente enfurecida pelos maus tratos constantes à nação! No seu dorso segue montado, em pose acrobática, António Costa. A escorregar pelo pescoço, ou em queda mais ou menos controlada, vêm Catarina Martins e Jerónimo de Sousa, a dar as últimas pela geringonça. Na asa, mas cada vez mais longe do poder, vai tentando subir Assunção Cristas, em esforço e quase derrotada. Na barbela do galo a tentar um “assalto” ao poder vão-se equilibrando Rui Rio e o renascido Santana Lopes, que já leva na sua perna para a Aliança o torriense Paulo Bento. O Zé, completamente despido de todos os pertences, continua a ser “toureado” pelos saqueadores do país, num Monumento que ainda conta com a “presença” de Cristina Ferreira e Manuel Luís Goucha, “Cris7o” Ronaldo, Luís Filipe Vieira, Pinto da Costa, Varandas e Carlos Bernardes. Até Amália e Eusébio se juntaram ao “Grande Galo, Zé!” 

Em 2020 uma “chuva de cores” inaugurou o Carnaval da “magia e fantasia”, sob o olhar atento de “ilustres convidados” do Carnaval de Torres, que compõe o respetivo monumento, intitulado "Abracadabra! Acorda Zé!”. Nele vive “Maléfica, Mestre do Mal, num pacífico reino na floresta, até ao dia em que é ameaçada a harmonia da região. Escondidos entre as torres do seu castelo, Maléfica e os seus companheiros corvo e dragão, estão completamente incrédulos e aterrorizados com o panorama atual nacional e internacional.